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        Com uma canetada, Infraero muda capacidade de aeroportosSem investir um centavo, estatal decide que 13 locais 
        poderão receber 100 milhões de passageiros a mais por ano
 
 
 29/09/2011 - 14h12
 (Rodrigo Zanette) 
        - A Infraero, estatal que administra 67 aeroportos brasileiros, 
        mudou a metodologia para recalcular a capacidade de terminais 
        aeroportuários de 13 locais. Com esta mudança, a empresa informa que os 
        aeroportos poderão receber mais 100 milhões de viajantes a mais por ano.
 
          
            | _ | Rodrigo Zanette - 
            01/07/2011 |  
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            Imagem diz tudo. Só a Infraero vê espaço para mais passageiros em 
            Cumbica. Enquanto um passageiro demora até quatro horas para 
            embarcar em voos internacionais no superlotado aeroporto de 
            Guarulhos, na Europa e nos Estados Unidos esse tempo cai para, no 
            máximo, 20 minutos.
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        De acordo com o jornal Folha de São Paulo, 
        os aeródromos das 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, mais 
        Campinas (SP), estavam capacitados a receberem 95 milhões de pessoas por 
        ano. Mas, no ano passado, 104 milhões de passageiros passaram por esses 
        terminais.
 Até 2014, o Governo Federal prevê investimentos de R$ 6,4 bilhões e a 
        capacidade aumentaria em mais 55 milhões de viajantes anuais. Com isso, 
        aproximadamente 150 milhões de pessoas poderiam passar por estes 
        aeroportos no ano da Copa.
 
 Porém, de acordo com a Infraero, em 2014, 152,6 milhões de passageiros 
        deverão passar pelos terminais. Mas, segundo o novo cálculo, os 
        aeroportos terão capacidade para 256,8 milhões de viajantes e, desta 
        maneira, os terminais terão uma folga de 41%.
 
 
 Opinião de Rodrigo Zanette
 
 Não adianta dar uma canetada para aumentar a capacidade dos 
        terminais de 13 aeroportos que servirão a Copa do Mundo. Quem utiliza ou 
        já esteve em algum destes terminais nos últimos anos sabe que não 
        adianta mudar a metodologia para aumentar o conforto.
 
 A capacidade de hoje, por exemplo, do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos 
        (SP), é de 18,5 milhões após a inauguração do "puxadinho" ao lado do TPS 
        2. Porém, segundo o SNEA (Sindicato Nacional de Empresas Aéreas), o 
        maior aeroporto brasileiro deverá movimentar este ano 29.919.75 
        passageiros.
 
 Em 2014, ano da Copa, a Infraero vai utilizar dois terminais de cargas 
        (que eram da VASP e da Transbrasil) para receber passageiros, ou seja, 
        mais 5,5 milhões de viajantes por ano. Além disso, parte do terceiro 
        terminal deverá estar em operação que quando estiver pronto, terá 
        capacidade para 18,8 milhões de pessoas.
 
 Se todas as obras estiverem concluídas no ano do mundial de futebol, o 
        que é bem difícil, Cumbica poderá receber 42,8 milhões de pessoas (o TPS 
        1 terá capacidade para 8,25 milhões de passageiros, o TPS 2 para 8,25 
        milhões de pessoas, o TPS 3 para 18,8 milhões de viajantes, o "puxadinho 
        1" para 2 milhões de passageiros e "puxadinho 2" para 5,5 milhões de 
        passageiros. Todos os dados estão de acordo com a Infraero, antes da 
        canetada.
 
 Contudo, as obras só devem estar prontas em 2016, quando, de acordo com 
        estudo do SNEA, os terminais de Cumbica irão receber 42.655.423 
        viajantes, mais de 98% acima da capacidade. Com isso, o aeroporto já 
        estará saturado. Mas, de acordo com a Infraero, Cumbica poderá receber 
        58 milhões de passageiros.
 
 Para mudar este exemplo e de outros lugares, a Infraero mudou a 
        metodologia para calcular a capacidade dos terminais, o que não 
        significa que o passageiro terá um conforto maior, porque a estatal 
        informa que os aeroportos têm uma capacidade acima da movimentação.
 
 Hoje, quem viaja de avião sabe que para voo internacional é preciso 
        chegar até quatro horas antes do horário de embarque, pois perdemos 30 
        minutos no check-in, além de quase uma hora na fila da Polícia Federal. 
        Concluindo, não adianta mudar a metodologia se não tivermos mais balcões 
        de atendimento, além de disponibilizar mais agentes da Polícia Federal, 
        mais posições de estacionamento de aeronaves, maior número de vagas para 
        nossos carros, entre outras coisas.
 
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